Com uma magnífica paisagem ao seu redor, uma interessante obra de engenharia para transportar água, erguida no século XIX, causa espanto e surpresa a quem tem a oportunidade de conhecê-la de perto. Localizado em Candelária, este fantástico aqueduto é um testemunha da engenhosidade e espírito empreendedor de alguns pioneiros que vieram de longe…
Idealizado pelo imigrante germânico João Kochenborger, presume-se que ele teria sido construído entre 1868 e 1870, com o uso intensivo de mão de obra de escravizados vindos da África. O objetivo era trazer água por 304 metros de distância para movimentar um engenho de serra, moinhos e descascadeiras de arroz e trigo, além de um secador de Erva-Mate. Os tijolos fabricados um a um em caixilhos de madeira formam uma estrutura constituída de 79 arcos espalhados em uma bela planície. Pela sua geometria e largura, é possível caminha por sua estrutura no local onde escorria a água que gerava a energia destas pequenas indústrias…
A casa sede da propriedade onde ele fica também é muito antiga e merece um olhar atento, principalmente à sua arquitetura em estilo colonial português. No seu interior, alguns objetos antigos e produtos artesanais pra venda completam um conjunto hoje conduzido por Sílvia Filter Becker. É ela que recebe os visitantes (há cobrança de ingresso) para mostrar estas riquezas e contar a história da saga deste lugar onde ela mora desde 1950… Afinal, seu pai adquiriu a propriedade de um tio, que havia comprado as terras da família Kochenborger.
Junto a todo este ambiente que ainda conta com um prédio onde funcionava um sortido armazém típico das regiões de imigração germânica, há ainda um cemitério familiar. Nele estão os túmulos deste ousado empreendedor e alguns de seus descendentes. Observando as lápides pode se descobrir que João Kochenborguer faleceu apenas 16 anos depois de erguido este marco da região, quando tinha somente 56 anos…
No entorno desta planície, se destaca também além das primeiras elevações do planalto e serra, o icônico Morro do Batucaraí que se ergue isolado em meio aos campos na direção sul, com seus quase 570 metros de altura. Dizem que entre 1844 e 1848 teria morado ali um curandeiro, que era seguido e admirado por muitos dos locais por seus poderes espirituais. De nome João Maria Agostini teria nascido na Itália e percorrido vários países da América em uma história que ainda merece ser mais desvendada…
Um lugar como este mostra não somente a realidade das primeiras atividades industriais da região, como também a coragem, ousadia e o trabalho intenso na busca do crescimento econômico. A imponência da obra que permanece é um interessante registro não só por sua beleza arquitetônica caprichosamente encaixada na ampla paisagem, mas por ser um testemunho dos desafios a que se propuseram, muitos dos que vieram antes de nós…
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