
O tradicional bairro de Novo Hamburgo com seu rico patrimônio histórico, guarda surpresas especiais, e o destaque é o conjunto composto pela Casa Schmitt Presser e a Fundação Ernesto Frederico Scheffel. A começar pela arquitetura externa destes dois prédios mais do que centenários e bem conservados. O uso da inconfundível técnica de construção enxaimel na casa de comércio erguida no princípio do século XIX por Johann Schmitt se destaca na paisagem chamando a atenção mesmo nos mais apressados transeuntes e motoristas. O prédio foi deste os primórdios da ocupação da região uma típica venda, verdadeiro ponto de encontro da colônia alemã. Era ali que se comercializava o produto do trabalho árduo das pequenas propriedades, obtendo-se em troca o que não saia da terra. Estas outras mercadorias eram trazidas muitas vezes no lombo das mulas dos tropeiros que cruzavam por ali nos primeiros anos, ou nos vagões do trem que começou a trazer progresso, já no alvorecer do século XX. Foi neste novo século aliás, que a casa sofre uma interessante transformação. A rua que cruzava em frente as portas do comércio, foi rebaixada para que não ficasse em nível tão alto em relação a ferrovia que passava paralelamente a uma quadra dali. Assim, o andar principal passou a ser um segundo andar, e surge um novo pavimento térreo que passa a abrigar o comércio. Após o falecimento do primeiro proprietário, o marido de uma de suas netas Edwino Presser retoma o comércio já em tempos mais recentes, com o local servindo muitas vezes de ponto de encontro das famílias ou até mesmo de banco para fornecimento de crédito. Mas nesta época, o belíssimo prédio ao lado erguido em 1890 já era ocupado pelo atelier do pintor Ernesto Frederico Scheffel, um grande retratista dos hábitos e cotidianos da colônia alemã, além de diversos outros temas. E foi o artista que se empenhou para a preservação do tradicional prédio vizinho, quando o comércio chegou ao seu fim nos anos 70. A transformação por parte do poder público em um museu, foi o resultado da luta do artista que viu as duas edificações formarem um relevante conjunto cultural. A Fundação Scheffel uma das maiores pinacotecas de um único autor no mundo todo, recebe além dos imensos painéis com suas pinturas, esculturas e partituras nos três amplos andares do prédio que chegou a ser utilizado como salão de baile, e até mesmo como hospital. Mas é na Casa Schmitt-Presser que se mergulha no passado logo na entrada onde é reproduzido o balcão principal da venda, com seus altos armários e pesado balcão recheado de objetos utilizados em tempos menos tecnológicos. Já nos dois andares superiores pode-se transitar por ambientes perfeitamente reproduzidos das peças da antiga residência. É ali que estão além dos móveis e utensílios da casa, a mostra de um pedaço da parede onde está evidenciada a técnica de construção envolvendo o tramado de madeira preenchido de barro, que tanto foi utilizada pelos bravos pioneiros germânicos. E que está ainda hoje entranhada neste maravilhoso testemunho de uma época… Mas o bairro Hamburgo Velho ainda tem muito mais a mostrar com o seu conjunto de prédios e suas belas histórias…

