
Uma mulher a frente do seu tempo… Que com seu marido, prometendo remédios e palavras para a cura de colonos germânicos desassistidos pela distância dos grandes centros, começou a fazer sucesso no século XIX na região do Morro Ferrabraz, atual cidade gaúcha de Sapiranga. As poções elaboradas por este prático da colônia alemã de São Leopoldo, eram acompanhadas das palavras da liderança espiritual de Jacobina Maurer, e seus rompantes de paranormalidade segundo vários relatos. Teatro? Poderes extraordinários? Fanatismo? Força mental? Difícil dizer, não só pela distância do tempo, mas também pela polêmica… O fato é que os seguidores foram aumentando a cada dia, gerando preocupações na ordem vigente. Aos poucos, os que buscavam a cura para algum mal junto ao grupo, eram questionados e confrontados, sobre a eficácia e os métodos alternativos de melhoria física e mental a que se sujeitavam. Incluindo supostas entregas a sedução daquela mulher, que muitos já queriam morta. E as divergências foram aumentando sua intensidade, virando farpas e rusgas… E no arrastar dos acontecimentos, lares e amizades começaram a ser desfeitos, com a ida de muitos para perto de quem lhes dava esperança. A perda destes fiéis alertou as igrejas católica e luterana, que se juntaram para tomar providências contra este novo, temeroso e misterioso concorrente. Que ousava interpretar as sagradas palavras ao seu modo… Autoridades foram acionadas, julgamentos foram realizados, mas a força da liderança desta forte mulher sobreviveu. Perseguição? Cuidado e zelo com a ordem? Busca da paz social? Mais uma vez difícil dizer olhando de uma janela com mais de 140 anos… Fato é que o ódio havia crescido e o radicalismo já estava formado. E os cidadãos que antes viviam em uma comunidade isolada, mas pacífica, começaram a usar as armas que abatiam o alimento em caçadas, para derrubar o inimigo em confrontos isolados. E antes que a guerra se instaurasse sem controle, tropas imperiais sob o comando do Coronel Genuíno Sampaio foram chamadas para o confronto final, em 1874. Depois de perderem o primeiro embate, voltaram com reforços e terminaram com a festa. Era o fim dos Muckers, nome dado aos seguidores dela, mas também da vida desta carismática líder religiosa, bem como de soldados brasileiros e do seu comandante. Perderam todos os que tombaram. E os que ficaram ganharam além da vida, a triste, mas relevante história. Que tem muito a nos ensinar… Não só sobre as dificuldades da colonização germânica e a força das mulheres, mas principalmente como tratamos uns aos outros…

