
Muito mais do que ruínas de uma igreja que é icônica e de certa forma é representativa do Rio Grande do Sul, as missões de São Miguel trazem consigo uma história épica. Um projeto de civilização que durante mais de um século prosperou de forma aparentemente harmônica unindo padres espanhóis da Companhia de Jesus e índios Guaranis entre os séculos XVII e XVIII. Com entendimento e diálogo, foram erguidas verdadeiras cidades organizadas em que São Miguel era apenas um dos sete povos que existiram do lado leste do Rio Uruguai onde atualmente é o Brasil. Eram trinta no total e englobavam ainda terras hoje pertencentes a Argentina e Paraguai, formando uma verdadeira nação no coração da América do Sul. Tudo isso em território a época pertencente a espanhóis, ao menos na concepção dos reis europeus. E aqui nesta região de belas coxilhas, esta sociedade floresceu de forma diferente do modelo do dito velho mundo. Centralizada sempre por uma igreja, cada redução como eram chamadas, contava com habitações coletivas horizontais onde cada família tinha o seu espaço sendo também possuidora de um pedaço de terra. Era nele que a produção agropecuária cresceu mesclando o conhecimento dos primitivos do nosso continente com o que traziam os religiosos do outro lado do oceano. O trabalho na terra era realizado para o sustento de cada família, e uma parte do tempo de cada indivíduo era ainda dedicado a produção coletiva em prol de todos… Muito mais do que a busca do sustento material as atividades incluíam ainda, uma produção artística com ricas esculturas em madeira, até hoje expostas próximo às ruínas de São Miguel, além de instrumentos musicais variados. E as técnicas e ferramentas trazidas pelos padres ajudaram os índios a desenvolverem melhor uma incipiente indústria que incluía curtimentos, perfumaria, marcenaria entre outros… Mas um dos principais destaques desta próspera economia era a erva mate, já utilizada anteriormente pelos índios guaranis e que com o crescimento da produção passou a ser exportada para Buenos Aires… A sociedade possuía uma estrutura político-administrativa com sede no Cabildo seguindo o exemplo espanhol, onde os cargos, julgamentos e decisões eram exercidos pelos próprios índios. Mas sempre com supervisão espiritual dos religiosos europeus… A maneira como era conduzida e se relacionava esta gente que a princípio formava uma comunidade rica em todos os sentidos, ganhou a admiração e elogios dos mais conceituados escritores e intelectuais da Europa. Mas o projeto de sucesso dos jesuítas não duraria para sempre. Decisões tomadas na Península Ibérica deram outro rumo a esta nova experiência de mundo, que culminaria com a sua decadência. Em mais um capítulo desta incrível saga que contaremos um próximo conteúdo…
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