Entre as cidades que margeiam a Lagoa dos Patos, formando a região da Costa Doce, Tapes é mais uma que começa a valorizar cada vez mais o seu litoral. E isto vale principalmente para pequenas praias, antes ocupadas por indústrias, e que agora recebem novas urbanizações convidativas ao passeio, em sintonia com um belo patrimônio histórico.
É claro que há algumas mais adequadas ao banho em bairros que não pertencem a zona central como a da Pinvest, e que possuem grande movimento nos meses de verão. Também há algumas fora do núcleo urbano, que convidam a longas caminhadas para quem quer sossego absoluto. O pontal, que inclusive constitui uma interessante formação geográfica, é um destes lugares, mas neste caso é preciso caminhar muito ou se aventurar em trilhas difíceis, onde não é qualquer veículo que trafega.
Mas o que tem se destacado nos últimos tempos, é o reaproveitamento de espaços antes ocupados principalmente por engenhos de arroz, numerosos em outros tempos. Com a desativação destes negócios, que transportavam seus produtos pela lagoa, novos locais estão surgindo para transformar estas margens em praças públicas.
Em uma delas está o já tradicional letreiro, que estimula a foto ao lado da frase “Eu amo Tapes”, incluindo o coração que substitui a palavra “amo”… É ao lado dali, no entanto, que um antigo casarão de 1925 é testemunho de várias histórias um tanto misteriosas. Há quem diga que o piano já tocou sozinho e que passos na escada foram ouvidos onde não havia mais ninguém, entre outras manifestações que seriam do além… Talvez por seu passado como restaurante e hotel, entre outros usos, ou pelo fato de que havia um prédio mais antigo no lugar, que teria sido abrigo de escravizados… Utilizado como Casa de Cultura até pouco tempo atrás, está fechado para reformas e a espera de compor com outros vizinhos mais um espaço de lazer… Até porque não faz muito que mais um engenho foi ao chão ali do lado, deixando apenas uma chaminé.
A cidade ainda possui um interessante clube náutico que oferece uma paisagem interessante, para os que percorrem os molhes. Que ainda oferecem uma vista deste núcleo central, sendo ainda lugar interessante para uma pescaria ou para a apreciação do por-do-sol. Estas e outras atrações turísticas são descritas em uma placa na praça, onde em um começo de noite fomos pegar imagens da Igreja do Carmo erguida nos anos 1950. Com uma arquitetura única o templo central possui belos vitrais, mas que ficamos devendo imagens… Afinal, não queríamos interferir na corriqueira missa das sete…
Em meses quentes de verão, ou mesmo em outras estações, como o inverno com seus ventos frios, este belo recanto da Costa Doce é um convite a ampliar os horizontes à beira de uma Lagoa, que traz certa magia… Não só pelas belezas naturais, mas também pelas histórias e mistérios que povoam os corações e mentes dos que circulam por ali…
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