Ninguém tem dúvida que Gramado é o grande centro turístico do sul, com inúmeras atrações, algumas delas internacionais… Mas há um pouco de raízes históricas e culturais em comunidades do interior, que também estão de braços abertos para receber uma grande leva de visitantes. Nas localidades de Linha Bonita e Linha Nova, não só as belezas da vida simples do meio rural são destacadas, como também as histórias da origem destes lugares e da própria cidade de Gramado…
Fizemos uma rápida passagem por alguns pontos de um roteiro onde turistas partem da cidade e percorrem empreendimentos recheados de história, de um passado de trabalho na produção rural e em uma incipiente indústria… E é claro que ficou aquela vontade de voltar com mais calma… Em Linha Bonita a Casa Centenária da família Ferrari foi admirada por fora, em seus belos lambrequins de madeira ao melhor estilo dos imigrantes italianos. Um pouco adiante ao lado da singela igreja de Santo Pedro, está o Moinho Cavichion datado de 1920, com sua grande roda d´água a girar, como muitos outros que já mostramos por aqui. Logo ali na frente na Ervateira Marcon foi possível fazer uma rápida visita e conhecer métodos antigos de moagem da base do nosso chimarrão…
Ainda em Linha Bonita, um interessante museu com uma grande coleção de objetos, foi mais um ponto que nos surpreendeu. Os Fioreze juntaram uma coleção fantástica que ajuda a contar um pouco dos desafios enfrentado pelos antepassados. E o destaque fica para um facão que o pioneiro da família usou para derrubar a mata virgem, e erguer a primeira moradia…
Um pouco mais adiante em percurso de estrada asfaltada em meio à visão de belos paredões de rocha, se chega a frente da Igreja de São José em Linha Nova. Alguns prédios em frente a ela, como a Casa dos Boff, um antigo açougue e outras instalações antigas, formam o que teria sido o núcleo inicial de Gramado. O que se diz é que alguns descendentes de italianos vieram da colônia de Caxias do Sul, ao norte do outro lado do Rio Caí, e ali se estabeleceram no começo do século XX, sempre interagindo com indígenas que já habitavam aquelas matas e campos…
A modernidade, porém, trouxe o trem vindo do sul, desde Taquara, em terras loteadas a imigrantes germânicos por fazendeiros de origem lusa, até estas terras mais altas. E a estação ficou longe com a linha seguindo até onde hoje é Canela, deixando de lado o início de um núcleo comercial e de serviços, que contava até mesmo com cartório. E o transporte que ligava a serra com Porto Alegre, influenciou no crescimento de um novo núcleo urbano, com predominância de descendentes de alemães. Que resultou no lugar onde hoje centenas de turistas se acotovelam em restaurantes e lojas, todos os dias do ano…
Conhecer estas origens ajuda a entender a formação de núcleos populacionais da bela Serra Gaúcha, com as diferentes etnias que fazem parte dela. Com novas informações ainda a serem obtidas, pois pairam dúvidas desta trajetória, é possível não só mergulhar neste legado, como valorizá-lo ainda mais. O que certamente enriquecerá ainda mais a experiência, dos visitantes. Que poderão sair com algo a mais que os tradicionais chocolates de Gramado que quase sempre levam na bagagem…
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