Bem perto do Rio Taquari na cidade gaúcha de Estrela, um prédio com o inusitado formato de um pequeno castelo, foi concebido para ser uma clínica médica em 1905. E recentemente reabriu suas portas para resgatar esta e outros belas histórias da região, protagonizadas por marcantes personagens.
O Memorial de Estrela é um desfile de testemunhos, hora através de objetos, hora através de imagens antigas em bem montados painéis, da passagem de figuras que por vezes ganharam o mundo. Colonizada em um primeiro momento por imigrantes germânicos que receberam lotes do que era a fazenda de um luso-brasileiro, a incipiente urbanização recebeu variadas atividades. E uma delas foi o estabelecimento da clínica médica proposta e construída pelo médico austríaco Gabriel Schlatter, no prédio onde hoje está o memorial. Com esta arquitetura diferenciada o lugar abrigou ainda uma pioneira escola de parteiras, incluindo aulas práticas em um modelo de couro que imitava a pelve feminina… A clínica ainda pertenceu a outros médicos, e a uma fábrica de banha chegou a se instalar ali nos anos 1950.
Mas há muitas outras histórias e personagens que orgulham a cidade. Dom Aluísio Lorscheider foi um deles, se destacando no meio religioso ao ser presidente da CNBB e ter sido votado para ser Papa… Em sua trajetória, foi um defensor da democracia em tempos mais rígidos, buscando o diálogo com o ex-presidente brasileiro Ernesto Geisel, que também era ligado a cidade por ter irmãos e esposa nascidos ali. O ator Alberto Ruschel, mais famoso estrelense e que ganhou fama ao protagonizar um filme premiado no famoso festival de cinema de Cannes na França, tem igualmente sua história contada nestes painéis. Assim como um mecânico de nome Bruno Schwertner, que depois de consertar o relógio da igreja, fabricou outros tantos iguais espalhados pelo país… Também são homenageados outros médicos e antigos intendentes (ou prefeitos) com suas contribuições. Como o que idealizou uma rádio, e um aeroclube para contribuir na formação de pioneiros pilotos de voos internacionais. Ou mesmo um outro, que além de poeta, idealizou uma histórica e emblemática escadaria pública em zig-zag que ligava a cidade ao rio. Este lugar que fica na frente deste castelinho, foi também parcialmente revitalizado há pouco tempo, e marcou época entre os anos 1940 e 60. Ao seu lado, uma importante cervejaria acabou ocupando parte desta estrutura para ampliar sua produção, mas encerrou suas atividades nos anos 2000, deixando histórias também contadas no memorial…
Os painéis, com grande número de imagens, mostram ainda a cultura histórica de um povo, com suas festas e confraternizações que dizem muito da herança de seu passado. E os antigos objetos expostos, quem em outros tempos eram de uso corriqueiro para variadas atividades, hoje são importantes testemunhos da saga desta gente. Uma gente que ergueu uma próspera comunidade, guardando um grande carinho por aqueles que deixaram suas marcas na cidade e na região…
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