Do outro lado do lago que banha a capital gaúcha, e que já foi chamado de rio, fica a cidade de Guaíba que dá nome a este estuário, o nome técnico que dizem ser o mais correto. Mas muito mais do que uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre, ela guarda marcantes histórias, muitas delas relacionadas à Revolução Farroupilha. E é inclusive considerada o eu berço… A natureza de suas praias, e atividades industriais históricas, também estão ali, e podem ser conhecidas por meio de um interessante passeio de um ônibus conhecido como Jardineira.
Antes de tudo já começamos por agradecer ao convite para desfrutar do passeio neste enfeitado transporte, ouvindo e aprendendo mais sobre lugares importantes da cidade e da região. Um deles é um prédio hoje em ruínas, que já foi um antigo matadouro erguido em 1860. As atividades realizadas neste espaço que era público, após a emancipação da cidade que pertencia a Porto Alegre, foram trocadas por escritórios da prefeitura no começo do século XX. Um mercado público foi o último uso do prédio que hoje possui somente as antigas paredes…
E na sequência do trajeto ao longo da avenida que margeia o Guaíba, paramos para apreciar o Matadouro São Geraldo, este um empreendimento particular que pertenceu a família Linck. Construído em 1927, é uma réplica de uma antiga estação ferroviária inglesa, e começou sendo apenas um saladeiro, ou seja, apenas salgava a carne. Suas linhas e sua coloração amarelada, encantam, mesmo se observando que apenas a fachada e algumas paredes seguem de pé. Outro belo lugar para receber um restauro…
A praia da Alegria, veio em seguida no roteiro, com suas histórias de tempos em que era muito procurada por aqueles que hoje vão para o mar. Novas benfeitorias urbanas têm sido feitas no bairro hoje prioritariamente de moradores, em uma contrapartida da indústria que ali se instalou nos anos 1970. Sua poluição destes primeiros tempos foi, junto com o acesso facilitado ao litoral marítimo, uma causa da mudança de comportamento de muitos veranistas… Novas exigências e tecnologias, fez com que este impacto ambiental fosse, no entanto, diminuído… É dali, destas areias que querem voltar a ser atraentes, que em 1835, partiram um conjunto de combatentes, para invadir a capital e iniciar a Revolução Farroupilha, fato destacado em um marco localizado na beira da água…
A visita ao Museu Carlos Nobre, que homenageia este filho da cidade que fez sucesso na imprensa gaúcha com seu humor sarcástico, foi a próxima parada…. As engraçadas tiradas dele fizeram a alegria de muitos leitores, (incluindo este que escreve estas linhas) no final do século XX… A antiga casa que já foi sede de charqueada e antiga intendência, possui um cervo que também conta a história da cidade!
E para fechar a conta deste dia especial, que incluiu até um café da manhã (cabendo agradecer ao pessoal do Íbis hotel), foi na Casa de Gomes Jardim. Já falamos deste lugar fantástico e suas histórias em conteúdos recentes, mas desta vez conseguimos testemunhar a história contada pela dona Íris Leão. A trajetória que começou no século XVIII, passou também pela Guerra dos Farrapos e os sonhos de uma efêmera e precursora república. Lá fica ainda a cama e o quarto onde Bento Gonçalves acabou por perder a vida, depois de, aos cuidados de seu amigo dono da casa, não resistir a uma grave doença…
Não tem como não recomendar este passeio único, de uma cidade que desperta para o turismo com muita força. Afinal de contas, possui um potencial fantástico para ser um lugar com muito a contar, e mostrar. Em meio a belas paisagens à beira da água, e com direito ampla vista da capital de todos os gaúchos e gaúchas…
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