As ferrovias cortavam o sul com composições repletas de passageiros, em boa parte do século XX. As estações e outras estruturas se encaixavam na paisagem sempre apreciada a partir do balanço do trem. Paverama no Vale do Taquari, também está neste contexto com um túnel e uma estação que, no entanto, está fora de uso. E suas paisagens no interior e os detalhes de seu pequeno núcleo urbano, também trazem encantos aos que hoje passam por lá, com outros meios de transporte.
A cidade que surgiu com descendentes de portugueses de Taquari e de alemães de São Leopoldo, ocupando terras já freqüentadas por índios Patos, já viu algumas composições de trens passarem por ali. Sobretudo de cargas que predominou nos últimos anos, apesar de hoje já pouco freqüente. E não faz muito tempo que a linha foi lançada com a estação sendo construída em 1969, mas pouco utilizada por passageiros, até entrar em desuso… Vandalizada e em ruínas neste já um pouco calejado século XXI, o lugar recebeu artistas informais, que coloriram com desenhos variados suas paredes. Além daqueles que apenas colocaram nomes, ou citações nada familiares…
Mas nem tudo é descaso, e a cidade como é comum entre a descendência alemã aqui no sul, é historicamente dividida entre duas comunidades religiosas. E na paisagem, se destacam as duas torres, da Igreja Católica do Rosário e da igreja Luterana. Na frente desta última o cemitério que vimos pareceu possuir lápidas mais recentes, mas uma em destaque na sua entrada é muito antiga, e somente ela está de frente para a igreja. Infelizmente nos faltou ver com calma a data, mas percebemos as inscrições em alemão… Por que existe esta situação, é assunto para visitas futuras…
Na praça central as caturritas fizeram alarido enquanto captávamos imagens, das belas linhas da Igreja que homenageia Nossa Senhora do Rosário, e da pequena gruta com a imagem da santa. Um destacado prédio antigo ali na frente, com linhas que talvez sejam do “Art Deco” recebe um lar de idosos, convivendo com o movimento do comércio e suas músicas para atrair a freguesia…
Mas a aventura ferroviária, não ficou apenas na estação sem portas e janelas. No outro lado da zona urbana, um túnel de 650 metros nos impactou. O ar de mistério e desafio que lugares como este nos remetem, muitas vezes atrai e encanta… Sua estrutura, caprichosamente encravado na rocha natural se impõe principalmente pela altura, mas também pela curvatura de seu teto… Com um trecho retilíneo, é possível enxergar a famosa luz no fim do túnel, desde a sua borda, e uma travessia a pé embora não recomendável por ainda passarem vagões por ali, não é algo difícil de ser enfrentada…
Não cansamos de andar em meio às belezas do nosso sul, por que sempre nos deparamos com situações e detalhes surpreendentes. E isto acontece não só no momento de pesquisar lugares interessantes, mas durante as jornadas. O que aumenta a nossa vontade de te trazer muitos outros lugares incríveis. Lugares que temos certeza, estão espalhados por aí à nossa espera…
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